São Paulo, 10 de Março de 2009 - De tempos em tempos a indústria farmacêutica passa por uma intensa fase de consolidação. Foi assim no final dos anos 80, com SmithKline Beckman e a Beecham e Bristol-Myers com a rival Squibb. Cinco anos depois, viria a união da American Home Products com a American Cyanamid. Em 1995, os laboratórios Wellcome foram comprados pela Glaxo e a Pharmacia se uniu a Upjohn. No ano seguinte acontecia a fusão entre a Ciba-Geigy e a Sandoz, que daria origem à Novartis, terceira maior farmacêutica do mundo. Em seguida, foi a vez da suíça Roche comprar a alemã Boehringer Mannheim. Não satisfeita com a aquisição da Wellcome, a Glaxo foi para cima da SmithKline Beecham e Sanofi-Synthélabo uniu-se a Aventis, em 2004
Nos últimos dois meses, com acirramento da crise financeira mundial, a onda voltou novamente com movimentos da Pfizer comprando a Wyeth, além da proposta da Roche pela Genentech, e agora com a Merck Sharp & Dohme adquirindo a Schering-Plough. Há especulações ainda de que a Bristol seja a próxima na lista a não suportar as pressões e ceder a aquisições, de acordo com a Bloomberg News.
A união de forças é vista como natural, especialmente em momentos como este de crise financeira somada a perda de patentes dos laboratórios em uma velocidade muito maior do que se consegue repor. "Com altos custos de pesquisa e o avanço da perda de patentes o retorno começou a ficar abaixo do esperado e a redução de custos é inevitável", explica o consultor da Mussolini Assessoria em Negócios, Nelson Mussolini. Com mais de 30 anos no setor farmacêutico, ele acredita que haverá cortes de quadro e nas unidades fabris. "Trata-se de uma mudança na composição de forças mundial, em um setor extremamente pulverizado."
Segundo o diretor de assuntos corporativos da Merck no Brasil, João Sanches, a união das empresas amplia o portfólio da Merck em todo o mundo e reduz o prazo de desenvolvimento. "A nova empresa unirá os investimentos de US$ 4,8 bilhões da Merck com US$ 3,5 bilhões da Schering em pesquisa".
Mesmo sem maiores definições dos reflexos para o Brasil, Sanches afirma que o País é considerado um dos mercados mais importantes para a Merck, ao lado de Rússia, Índia, China, Polônia, Turquia e Coréia do Sul. "A estratégia para mercados emergentes deve ser mantida, com expectativa das vendas no País dobrar em cinco anos", diz o executivo. No último ano, a Merck faturou R$ 470 milhões no Brasil, o que representa cerca de 1,2% do global.
A Febrafarma também acredita que a crise tenha acelerado a consolidação do setor. Isso em função da necessidade de pesados investimentos em pesquisas. Os gastos com novos princípios ativos, entre EUA e Europa, ultrapassa os US$ 75 bilhões anuais, em um mercado que movimenta mundialmente mais de US$ 400 bilhões/ano. No Brasil, as vendas chegaram a R$ 30,7 bilhões em 2008, alta de 9%. Segundo a entidade, hoje existem 398 laboratórios no Brasil, dos quais 75 são multinacionais.
Colaborou Juliana Elias(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Anna Lúcia França)
Nenhum comentário:
Postar um comentário