Empresas especializadas em marketing de busca crescem na esteira do sucesso do buscador e brigam por um mercado estimado em mais de R$ 500 milhões
Na manhã da segundafeira 19, o executivo Marcelo Sant´Iago publicou no seu Twitter: "Big day today" (Hoje é um grande dia, numa tradução literal). Horas depois, era comunicado ao mercado que a MídiaClick, empresa que comanda, estava sendo adquirida pela iProspect, companhia do segmento do mercado de marketing de busca, pertencente ao grupo inglês Isobar, o mesmo que comprou a AgênciaClick em março de 2007. Ela está presente em mais de 22 países.
Com a aquisição, abre o seu primeiro escritório na América Latina. Preste atenção neste outro fato: Roberto Grosman tinha o emprego dos sonhos. Era funcionário de uma das empresas mais admiradas do mundo e comandava a rede de parceiros de conteúdo do Google na América Latina. Depois de dois anos trabalhando na companhia, Grosman a deixou, em 2008, para voltar para a F.biz, empresa que ajudara a criar no começo de 2001. "Achei uma oportunidade para fazer a empresa crescer", diz ele.
US$ 5,1 bilhões foi o valor gasto em busca nos EUA no primeiro semestre de 2009, de acordo com a PricewaterhouseCoopers
A MídiaClick e a F.biz fazem parte de uma nova geração de empresas que crescem na esteira do sucesso do Google e de outros buscadores, como o Bing, da Microsoft. São agências digitais especializadas em gerenciar e administrar campanhas de links patrocinados e de entender como o Google classifica os seus resultados de buscas (leia o quadro: Entenda o marketing de busca).
"O Google, os portais, o e-mail e o Orkut são os maiores geradores de tráfego da internet brasileira", afirma José Calazans, analista do Ibope Nielsen Online, empresa que mede a audiência da web no País. É por este motivo que uma das modalidades que mais crescem na publicidade online são os anúncios em buscas. No primeiro semestre de 2009, nos EUA , de cada US $ 100, US $ 47 foram para publicidade em busca, de acordo com dados da Price-waterhouseCoopers, o que representou US $ 5,1 bilhões em investimentos.
No Brasil, as informações são incompletas. De janeiro a junho, a publicidade online arrecadou quase R$ 400 milhões, segundo o projeto Inter-Meios. O problema é que estes dados deixam de fora o Google, que não revela seus números. Especialistas do segmento ouvidos por DINHEIRO estimam que o faturamento anual do Google seja de aproximadamente R$ 500 milhões. Esta é a fatia pela qual brigam as agências de marketing de busca.
E elas têm se multiplicado rapidamente. Veja o caso da Mídia Digital, uma das maiores empresas do segmento. Ela negocia e administra R$ 60 milhões por ano em campanhas de links patrocinados de seus clientes. "Desde 2004, estamos crescendo a taxas anuais de 90%", diz Guilherme Gomide, fundador e presidente da companhia.
A expansão foi tão grande que o executivo criou há pouco mais de 18 meses a i-Cherry, uma nova empresa só para atuar nesta área. "Não sentimos a crise", declara Alexandre Kavinski, CEO da i-Cherry, um dos pioneiros de marketing de busca no Brasil. Não é diferente com a Cadastra, empresa criada por Thiago Bacchin, em Porto Alegre (RS), em 2000, quando a forma mais comum para aparecer no resultado de um site de busca era cadastrá-lo nos diversos mecanismos existentes na época.
"Dobramos a quantidade de funcionários em 2009", diz o executivo. A área de marketing de busca da F.biz vai crescer 70% neste ano. "É muito fácil mostrar resultado", declara Roberto Grosman, que é sócio da empresa. E o que pode explicar este crescimento? "A internet é onde o consumidor está atualmente", afirma Carlos Alves, diretor de marca e de marketing digital para a América Latina do banco HS BC. "Se não atrairmos visitas aos nossos sites, estamos perdendo um grande volume de clientes."
É o que faz o site de leilões online MercadoLivre.com, que, segundo especialistas consultados pela DINHEIRO, é uma das empresas que mais investem em links patrocinados no Brasil. "Trabalhamos com mais de cinco milhões de palavras", afirma Helisson Lemos, diretor de marketing da companhia. Desde 2002, a empresa compra palavras-chaves no Google. Nos últimos três anos, o investimento cresceu 300%.
A aquisição da MídiaClick pela iProspect é um sinal de que o mercado brasileiro de buscas está aquecido. É também um indicativo de que outras empresas internacionais devem desembarcar no Brasil ao longo de 2010. Dominado por companhias nacionais, até agora apenas a Media Contacts, do grupo franco-espanhol Havas Digital, atuava no País.
Há mais sinais de fumaça no ar. A subsidiária local do Google é a que mais cresce no mundo. A previsão é de que aumente em 80% o seu faturamento em 2009, segundo dados revisados em maio pela empresa. Na próxima vez em que o site de sua empresa estiver com número baixo de visitas ou de vendas, saiba que é a hora de procurar um novo rumo. Na internet, você já sabe onde encontrar.
Por Ralphe Manzoni Jr.
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